Onde está a transcendência?

Às vezes se pode associar a busca pela transcendência ao divino, ao extra-humano, àquilo que foge à vida cotidiana, embora possa dela partir. Gostaria de comentar uma forma muito particular de transcência: a que pode ser encontrada no trabalho, ou melhor, no trabalhar. Pode parecer contrasenso pensar haver transcendência na realização deste último, ainda mais se considerarmos suas condições concretas e o que os marxistas ainda denominam de “alienação”. Para muitos, o trabalho é fator de adoecimento, de sofrimento, de incertezas e de exploração.

Contudo, restam poucos espaços em nossas sociedades para o exercício da transcendência, isto é, dessa capacidade de ir além do próprio ego no momento de considerar as ações a tomar. Tomemos o exemplo dos artistas (público que estudo a 5 anos), para os quais a transcendência ocorre por meio da criação de uma obra que será deixada para o mundo. Quando um pintor pinta, o que o inspira é o sentimento de transcender limites do corpo e das formas, criando novas maneiras de expressar a sensibilidade estética. Transcender, no trabalho, é sentir que, ao “sair de si”, o sujeito mergulha num gênero profissional que o abarca e para o qual ele contribui.

Assim, a transcendência no trabalho ocorre quando o sujeito projeta seus desejos no futuro por meio da realização de uma obra. Muitas pessoas sofrem no trabalho porque simplesmente não têm ou nao podem ter uma obra. Trabalha-se para uma manutenção imanente – comer, trocar de carro, comprar uma casa, etc. – mesmo que isso tudo esteja a serviço de outro projeto de transcendência (a família, por exemplo). Mas a transcendência no trabalho diz respeito à íntima sintonia entre o sujeito e sua obra e a percepção de evolução desta última. A obra não visa ao curto prazo; ela não é regida pela lógica da necessidade, mas sim pela lógica do cuidar, da paciência e do investimento. Mas, para isso acontecer, é preciso recuperar uma dimensão “ontologicamente positiva” ao trabalho.

O trabalho mostra que a transcendência, ao contrário de certa mitificação, não está apenas nos céus!

Homem razoável (ou um excurso sobre a moral social)

Gostaria de compartilhar uma reflexão. Você já parou para pensar que a vida social é sustentada em premissas implícitas acerca do que consiste uma pessoa razoável? O que significa alguém ser “razoável”? À primeira vista, o adjetivo razoável pode sugerir o comum, o mediano, o banal, ou então o mínimo. Ser minimamente razoável. Há, se eu não me engano, menção a algo próximo disso na filosofia de Schopenhauer, com seu conceito de “razão mínima”.

Um primeiro sinal de razoabilidade num relacionamento na esfera pública é a capacidade do sujeito em entender e compartilhar princípios básicos (mínimos) em relação a núcleos de significado instituídos. Por exemplo: não mentir. Quando nos relacionamos, mesmo que as “personas” [máscaras] estejam envolvidas, há um mínimo de premissas que precisam ser verdadeiras para que a relação não seja um imbuste ou um amontoado de convenionalismos idiotas. Outro princípio consiste em haver certo “compartilhamento de mentes”, quer dizer, as pessoas têm de ter crenças compartilhadas e justificadas como verdadeiras em relação a um tópico do relacionamento em jogo.

Quando estamos diante de um homem ou pessoa não razoável, estamos diante de alguém intempestivo, cujos comportamentos não podem ser classificados em núcleos de significados compartilhados. Não se trata de dizer aqui que, para ser razoável, é preciso ser convencionalista. Pelo menos não no sentido de uma camisa-de-força. Mas uma pessoa não razoável vive, às vezes, em mundos próprios, usa termos que são despropositados para uma determinada situação, não se envergonha de mentir ou de acreditar na própria mentira.

Para confiarmos nas relações sociais, temos de estar diante de homens razoáveis. Do contrário, é preciso fugir da relação, pois não haverá bases para estabelecimento de acordos mínimos de convivialidade. Agora, atenção: precisamos tomar cuidado para não confundir homens que “têm suas próprias opiniões, que são corajosos ao afirmar seu ponto de vista”, com homens razoáveis. Os primeiros podem ser, não raramente, farsantes morais, hipócritas sem coração, mercenários medíocres que não toleram os outros, que racionalizam para obter vantagens entre outros homens razoáveis, estes sim verdadeiros.

Filosofia das ciências sociais: ótimo lançamento!

Introduction: Philosophical Problems in the Social Sciences: Paradigms, Methodology and Ontology Ian C Jarvie PART ONE: THE DEVELOPMENT OF THE PHILOSOPHY OF SOCIAL SCIENCE The Philosophy of Social Science from Mandeville to Mannheim Joseph Agassi Continental Philosophies of the Social Sciences David Teira The Philosophy of Social Science in the Twentieth Century: Analytic Traditions: Reflections on the Rationalitätstreit Paul Roth PART TWO: CENTRAL ISSUES IN SOCIAL ONTOLOGY Naturalism: The Place of Society in Nature Don Ross Language and Society Frank Hindriks Social Minds Laurence Kaufmann Rational Agency Fred D’Agostino Individualism, Collective Agency and the “Micro-Macro Relation” Alban Bouvier Rules, Norms and Commitments Fabienne Peter and Kai Spiekermann Systems Theory Andrea Pickel The Concept of Culture as Ontological Paradox Angel Díaz de Rada Power and Social Class in the Twenty-first Century Daniel Little Causality, Causal Models and Social Mechanisms Daniel Steel PART THREE: A PHILOSOPHER’S GUIDE TO SOCIAL SCIENCE PARADIGMS Rational Choice Theory Cédric Paternotte Game Theory Giacomo Bonanno Social Networks Joan de Martí and Yves Zenou Normative Criteria of Social Choice Maurice Salles and Antoinette Baujard Analytical Sociology Peter Hedström and Petri Ylikoski Institutions Chrysostomos Mantzavinos Evolutionary Approaches Geoffrey Hodgson Functionalism and Structuralism Anthony King Phenomenology, Hermeneutics and Ethnomethodology Hans-Herbert Köegler Pragmatism and Symbolic Interactionism Alex Dennis Social Constructionism, Postmodernism and Deconstructionism Patrick Baert, Darin Weinberg and Véronique Mottier Theories of Culture, Cognition and Action Sun-Ki Chai Communicative Action and Critical Theory Martin Morris PART FOUR: METHODOLOGY: ASSESSING AND USING SOCIAL THEORIES Facts, Values and Objectivity Heather Douglas Idealised Representations, Inferential Devices and Cross-Disciplinary Tools: Theoretical Models in Social Sciences Tarja Knuutila and Jaakko Kuorikoski Empirical Evidence: Its Nature and Sources Julian Reiss Experiments Francesco Guala Mathematics and Statistics in the Social Sciences Stephan Hartmann and Jan Sprenger Artificial Worlds and Agent-Based Simulation Till Grüne-Yanoff Explanation in the Social Sciences Jeroen van Bouwel and Erik Weber Prediction Gregor Betz Science and Technology Studies and Social Epistemology: The Struggle for Normativity in Social Theories of Knowledge Steve Fuller Expert Judgment María Jiménez and Jesús Zamora-Bonilla Social Technology Maarten Derksen and Anne Beaulieu EPILOGUE: Rationality in the Social Sciences: Bridging the Gap Jesús Zamora-Bonilla

Um jeito alternativo de fazer POT (1)

Semana passada, recebemos aqui em Natal a visita da profa. Dominique Lhuilier. O encontro foi bem simpático e instrutivo, pois ela é uma grande divulgadora das Clínicas do Trabalho, sobre cujo tema organizamos um livro no ano passado. Pela correria da vida cotidiana, acabei deixando de registrar aqui alguns dos principais temas abordados por ela em suas várias intervenções junto ao nosso grupo, o GEST. Para contornar essa ausência de comentários e reflexões, gostaria de citar dois de tais temas.

Em primeiro lugar, Mme. Lhuilier nos lembrou, fazendo eco a certa tradição clínica, de que podemos optar ou por: 1) pesquisar/intervir SOBRE outras pessoas/trabalhadores, ou 2) pesquisar/intervir COM outras pessoas/trabalhadores. O primeiro caso é bem conhecido: trata-se sempre daquelas situações em que o pesquisador vai “a campo”, aplica um questionário ou realiza uma entrevista, e só mais distantemente retorna ao campo com os resultados (em geral, na forma de artigos ou de seminários).

O segundo caso, quando intervimos COM, depende de uma inversão na relação entre sujeito e “objeto” do conhecimento: o trabalhador, neste caso, não é um informante (no sentido de que dá ao pesquisador uma informação SOBRE sua atividade, trabalho ou comportamento), mas um agente cujas ações se esperam que o pesquisador compreenda e o ajudem a explicitar – porém, sempre a partir de si e para si. Trata-se, aqui, de uma postura a que poderíamos denominar de clínica – ou, mais tradicionalmente, de um desenho de pesquisa-ação, um pouco (mas só um pouco) esquecido no campo da POT – Psicologia Organizacional e do Trabalho brasileira.

É importante observar que AGIR COM não se iguala a um formato de intervenção este sim bem comum: o de consultoria. Aqui aparece um segundo tema abordado por Mme. Lhuilier: quem AGE SOBRE a atividade do trabalhador nem sempre recebe deste último uma demanda espontânea de ação. Neste caso, trata-se do que Mme. Lhuilier denomina de “comanda” (no sentido de uma ordem, de um pedido, de uma “injunção” – por exemplo, um gestor “comandando” a um consultor que este “resolva” problemas nas relações de trabalho que estão a prejudicar o desempenho da organização).

Já a “demanda” (por contraposição à “comanda”) depende de o coletivo de trabalho solicitar a ajuda ou intervenção de um consultor ou psicólogo. E isso mesmo para os contextos tradicionais de nossas organizações, pois os gestores, que, num primeiro momento, podem estar do lado da “comanda”, num segundo, graças ao trabalho de interpretação da situação pelo pesquisador, passa para o lado da demanda: percebendo, efetivamente, o ganho mútuo.

Enfim, duas coisas me chamaram a atenção a partir das reflexões da profa. Dominique Lhuilier sobre estes dois temas: primeiro, que, ao contrário do que eu costumava pensar, é, sim, possível realizar “clínica do trabalho” em contextos organizacionais stricto sensu (empresas capitalistas). Segundo, que realizar pesquisa COM os nossos “sujeitos” (que, aliás, deixariam de serem vistos desta forma) é um desafio ético (e político) bastante intenso.

Começando a semana com boa música!

A mentira imanente (Cioran)

Viver significa: crer e esperar, mentir e mentir-se. Por isso a imagem mais verídica que já se criou do homem continua sendo a do Cavaleiro da Triste Figura, esse cavaleiro que se encontra mesmo no sábio mais realizado. O episódio penoso em torno da Cruz ou esse outro mais majestoso coroado pelo Nirvana participam da mesma irrealidade, ainda que se lhes tenha reconhecido uma qualidade simbólica que foi recusada depois às aventuras do pobre fidalgo. Nem todos os homens podem ter êxito: a fecundidade de suas mentiras varia… Tal engano triunfa: disso resulta uma religião, uma doutrina ou um mito – e uma multidão de fiéis; outro fracassa: não passa então de uma divagação, de uma teoria ou de uma ficção. Só as coisas inertes não acrescentam nada ao que são: uma pedra não mente: não interessa a ninguém – enquanto que a vida inventa sem cessar: a vida é o romance da matéria.

Pó apaixonado por fantasmas, tal é o homem: sua imagem absoluta, idealmente semelhante, encarnar-se-ia em um Dom Quixote visto por Ésquilo…

Breviário de Decomposição

Animais [por Voltaire]

Que néscio é afirmar que os animais são máquinas privadas do conhecimento e de sentidos, agindo sempre de igual modo, e que não aprendem nada, não se aperfeiçoam, etc.!

Pode lá ser… Então esse pardalzinho que constrói o ninho em semicírculo quando o prende a uma parede, que o constrói num quarto de círculo quando o faz num ângulo e em um círculo num ramo de árvore – faz tudo de igual modo? O cão que ensinaste a obedecer-te durante três meses não estará a saber mais ao cabo desse período do que sabia no início das lições? O canário a quem tentas ensinar uma melodia repete-a logo no mesmo instante, ou não, levarás um certo tempo a fazer-lha decorar? E não reparaste como se engana, com frequência, e vai corrigindo depois?
É só por eu ser dotado de fala que julgas que tenho sentimentos, memória, ideias? Pois bem, não te direi nada; mas vês-me entrar em casa com um ar preocupado, aflito, andar a procurar um papel qualquer com nervosismo, abrir a secretária onde me recorda tê-lo guardado, encontrá-lo afinal, lê-lo jubilosamente. Calculas que passei de um sentimento de aflição para outro de prazer, que sou possuidor de memória e conhecimento.
Transfere agora teu raciocínio, por comparação, para aquele cão que se perdeu do dono, que o procura por todos os lados soltando latidos dolorosos, que entra em casa, agitado, inquieto, que sobe e que desce, percorre as casas, umas após outros, até que acaba, finalmente, por encontrar o dono de que tanto gosta no gabinete dele e ali lhe manifesta a sua alegria pela ternura dos latidos, em pródigas carícias.
Algumas criaturas bárbaras, agarram nesse cão, que excede o homem em sentimentos de amizade; pregam-no numa mesa, dissecam-no vivo ainda, para te mostrarem as veias mesentéricas. Encontras neles todos os órgãos das sensações que também existem em ti. Atreve-te agora a argumentar, se és capaz, que a natureza colocou todos estes instrumentos do sentimento no animal, para que ele não possa sentir? Dispõe de nervos para manter-se impassível? Que nem te ocorra tão impertinente contradição da natureza.
Mas os mestres-escola perguntam o que é e onde está a alma dos animais? Não entendo tal pergunta. Uma árvore tem a faculdade de receber nas suas fibras a seiva que nelas circula, de desabrochar os botões e criar seus frutos; e ainda me haveis de perguntar o que é a alma dessa árvore? Esta beneficiou de alguns dons, como o animal beneficiou doutros, dons do sentimento, da memória, de um certo número de ideias. Quem criou todos estes dons? Quem lhes concedeu todas essas faculdades? Aquele que faz crescer a erva nos campos e gravitar a Terra à roda do Sol.
As almas dos animais são formas substanciais, afirmou Aristóteles; e, depois de Aristóteles a escola árabe; e, depois da escola árabe, a escola angélica; e, depois da escola angélica, a Sorbonne; e, depois da Sorbonne, mais ninguém no mundo.

As almas dos animais são materiais, proclamam outros filósofos. Mas também não tem tido mais sucesso que os primeiros. Foi sempre em vão que se lhes perguntou o que é uma alma material; viram-se forçados a convir que é matéria passível de sensações: mas quem foi que lha deu? É uma alma material, isto é, trata-se de matéria que dá sensações à matéria; e não saem deste círculo vicioso.

Escutai agora outros animais discutindo acerca de animais; a alma destes é um ser espiritual que morre com o corpo: mas que provas tendes disto? Que ideia fazeis desse ser espiritual que, com efeito, experimenta sentimentos e sensações, memória, e a sua dose de ideias e de combinações de ideias, mas que nunca poderá vir a saber o que é uma criança de seis anos? Em que base imaginais que esse ser, que não tem corpo, pareça com o corpo? Mas, de todos, os maiores animais ainda foram aqueles que afirmaram que a tal alma não é corpo nem espírito. Que rico sistema! Só podemos encarar como espírito algo de desconhecido que não é o corpo; logo o sistema destes cavalheiros vem a dar nisto: a alma dos animais é uma substância que não é corpo nem outra coisa qualquer que seja menos ainda que um corpo.
Qual a origem de tantos e tão contraditórios despautérios? Do hábito que os homens sempre tiveram de examinar e definir o que é uma coisa, antes de saberem se ela existe. Costuma chamar-se à lingueta, que é a válvula dum fole, a alma do fole. Que alma vem a ser esta? Apenas um nome que dei a essa válvula, que desce, sobre, deixa entrar o ar e impele-o para um canudo, quando aperto o fole. Ali não há, pois, alma nenhuma distinta do instrumento. Mas quem faz mover a válvula dos animais? Já vo-lo disse, aquele que faz mover os astros. O filósofo que afirmou Deus est anima brutorum (2) tinha razão; mas não devia ter ficado por aí.

Autor: Voltaire.

Libertação animal

Esta semana estive em SP e, numa passagem pela Livraria Cultura, notei a presença de um livro que havia lido anos atrás, Libertação animal, do Peter Singer. Esse livro havia sido lançado em língua portuguesa pela editora Lugano, do sul. Ficou anos esgotado (eu mesmo consegui meu exemplar na Estante virtual). Agora é (re)lançado pela Martins Fontes.

Escrito por Peter Singer nos anos de 1970, tornou-se uma espécie de manual de referência para os defensores dos direitos dos animais. Seu autor é conhecido entre nós por outro livro, este de cunho eminentemente filosófico, Ética prática (creio que também lançado pela Martins Fontes). No Libertação animal, uma das teses centrais é de que devemos considerar os animais como igualmente merecedores de tratamento ético. O fundamento dessa ética é, se posso dizer assim, um valor hedonista (claro, não em sentido “sensual”): não se deve fazer sofrer, gratuitamente, quem pode sentir dor.

Os animais podem sentir dor. E eles a sentem graças às diversas formas com que são utilizados pela espécie humana: na alimentação, no vestuário, no entretenimento, nas experiências científicas, na indústria da pele, e em muitas outras. P. Singer explora esses usos “instrumentais” dos animais, questionando-o do ponto de vista da ética que defende.

Esse assunto pode ser estranho a muita gente. Ou então pode ser foco de ridicularização ou mal-entendidos. Contudo, os argumentos são terrivel e surpreendentemente (para mim, ao menos) persuasivos e convincentes. Mas, desde quando li esse livro (bem como outro, Jaulas abertas – outro “clássico” no ramo), senti uma profunda cisão entre saber/fazer. Pois, se de um lado, você fica inquestionavelmente impactado pela leitura (assista ao documentário Terráqueos, para entender), de outro há um sério risco de se ficar numa espécie de voyeurismo de inação, afinal, continuamos a consumir carne e a nos beneficiar, indiretamente, dos animais (até no sabonete que usamos para o banho). Há, também, gente que ache o assunto coisa de “naturalista hippie“.

Seja como for, eu acho mais do que bem-recebida a republicação deste intrigante e desconfortante (melhor definição que consigo encontrar para ele) livro.

Indústrias criativas – novidades

A Folha de S. Paulo publicou ontem matéria especial sobre as indústrias criativas. Trata-se de um setor que, há vinte anos, tem reaquecido o debate em políticas públicas e economia cultural ao redor do mundo.

Aproveitando o ensejo, acabo de atualizar minha homepage, onde inseri dois relatórios que produzi sobre Indústrias criativas (características organizacionais e da indústria), significado do trabalho, identidade profissional e carreira para profissionais criativos. Pesquiso com este tema há pouco mais de 4 anos, de modo que já tenho algo que divulgar.

Os relatórios, subsidiados pelo GVPesquisa, da FGV-SP, podem ser acessados a seguir.

Estudo exploratório sobre indústrias criativas no Brasil e no Estado de São Paulo

Análise do mercado de trabalho e carreira nas indústrias criativas do Estado de São Paulo

Show de horrores

Já faz muito tempo que organizações não-governamentais denunciam a brutalidade com que os animais são tratados pelo ser humano. Um amigo meu, inclusive, costumava dizer que, se conseguíssemos mudar nossa forma de tratar os animais, conseguiríamos mudar até mesmo parte dos nossos relacionamentos com nossos membros de espécie (por exemplo, por que alguém chama outra pessoa de “aquele porco!”, ou “aquela vaca!” – sendo este último algo muito depreciativo).

Na quase infinita série de exemplos de brutalidade contra os animais, destaco a que vi hoje. Uma cadela, no RS, foi mutilada viva num ritual de magia negra.

Ok, como seres humanos, temos “mais com que nos preocuparmos” do que com isso. Veja-se os maus-tratos contra as mulheres, as crianças, os abandonados. Sim, com certeza temos muito a nos envergonhar nesse campo da moral. Porém, menos evidentes são os maus-tratos contra os animais, pois eles, como poderia nos dizer Heidegger, já passaram para o lado das “coisas”, sendo tratados como tais.

Acho que podemos ponderar sobre o caráter de uma pessoa dependendo de como ela trata os animais. Para mim, quanto mais brutal uma sociedade, mais brutais serão os tratamentos dispensados aos animais. Não tenho estatísticas, mas penso que a sociedade brasileira não é a das melhores nesta matéria.

Mas, dentre toda estupidez, esta de sacrificar animais é das piores. Parece que não tem fim a ignorância humana. Não tem fim essa falta de juízo ético, ou então essa tendência a “ser ético” (mentira…mas pelo menos as pessoas se enganam bem com isto!) apenas com o pequeno círculo de amigos e “camaradas” (óbvio: da mesma espécie!).

Obs.: a foto acima, Companheiros, faz parte da galeria ToucanArt.


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